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Consagração Total a Nossa Senhora

A consagração a Maria e os mistérios da fé

O método de São Luís Maria Grignion de Montfort não é a única forma de consagração a Nossa Senhora. Existem muitas outras maneiras de entregar-se a Deus pelas mãos da Virgem Santíssima e, assim, viver de modo particular alguns dos grandes mistérios da nossa salvação e santificação.

Mas o que faz do método de São Luís Maria algo tão peculiar e atraente? Qual é, por assim dizer, a “vantagem” que ele oferece aos que desejam chegar à santidade? Assista a mais esta aula do nosso curso sobre a Consagração Total a Nossa Senhora e descubra a resposta!

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Depois de termos estudado a devoção mariana, ao menos em suas linhas essenciais, abordaremos a partir de agora a perfeita consagração a Maria. Como já indicamos em aulas passadas, a consagração de que se trata aqui se dirige, em última instância, a Deus mesmo: é uma entrega a Jesus Cristo, Sabedoria encarnada, pelas mãos de sua bem-aventurada Mãe. “Esta devoção”, explica-nos São Luís com toda clareza, “consiste [...] em entregar-se inteiramente à Santíssima Virgem, a fim de, por ela, pertencer inteiramente a Jesus Cristo” [1]. A finalidade dessa entrega a Nossa Senhora, portanto, “há de ser sempre chegar com mais facilidade a Cristo e, por ele, ao Pai” [2].

Convém saber, no entanto, que existem diferentes métodos de consagração total à Virgem Santíssima. O de São Luís Maria talvez seja o mais conhecido entre nós; mas há outros, como, por exemplo, o método da piedade filial mariana, proposto e difundido pelos marianistas do beato Guillermo José Chaminade, e o oferecimento de si que fazem à Imaculada os membros da Milícia fundada por São Maximiliano Kolbe. A nota distintiva do método de São Luís Maria radica em seu enfoque preponderantemente cristológico. De fato, o Verbo de Deus se fez homem nas entranhas de Maria e, como bom filho, se submeteu à sua autoridade materna. Nós, como discípulos e seguidores de Jesus, temos de percorrer o mesmo caminho que ele trilhou: a fim de configurar-nos a ele e deixá-lo ser gerado em nós (cf. Gl 2, 20), precisamos, a exemplo dele, ser totalmente submissos a Maria.

Mas não é só a Encarnação do Verbo o motivo por que temos de entregar-nos a Nossa Senhora. Também no mistério da Redenção vemos uma forte razão pela qual estamos obrigados a pôr-nos sob o seu amparo e senhorio. E isto sob duplo título. Primeiro, porque, guardadas as devidas proporções, também a Virgem Maria, em estrita e subordinada dependência de Cristo Redentor, foi causa da nossa salvação por sua compaixão aos pés da cruz, e por isso pode e deve ser venerada como verdadeira Corredentora do gênero humano [3]. Segundo, porque, momentos antes de entregar seu espírito ao Pai, Nosso Senhor entregou Maria a São João, na qualidade de Mãe, e São João a Maria, na qualidade de filho, e por isso todos encontramos nela o colo e o regaço de uma verdadeira Mãe, que nos transmite a vida sobrenatural da graça pelos méritos de sua compaixão e a generosidade de sua mediação [4].

Este último aspecto está bastante associado ao que vemos nas aparições de Fátima. Com efeito, Nossa Senhora pergunta aos três pastorinhos se eles desejam oferecer-se a Deus para, de um lado, reparar as ofensas contra o Imaculado Coração de Maria e o Sagrado Coração de Jesus e, de outro, converter com seus pequenos sacrifícios os pobre pecadores. Esse duplo fim nos remete naturalmente ao caráter satisfatório da sacríficio de Cristo na cruz, pelo qual ele não só reparou os pecados e devolveu a Deus a honra que lhe fora subtraída [5], mas também mereceu, “para todos os homens procedentes de Adão, absolutamente todas as graças que receberam ou receberão de Deus, sem exceção alguma” [6].

Por fim, vale a pena notar que a consagração a Nossa Senhora também pode estar fundamentada em outro mistério, Pentecostes, e ter uma finalidade mais voltada para o apostolado pessoal. É o que propõe, como mencionado anteriormente, São Maximiliano Kolbe. Assim como os Apóstolos, após dias e dias de oração no Cenáculo ao lado da Virgem Maria, receberam o Espírito Santo para dar testemunho da verdade e levar o Evangelho a todos os povos, assim também nós, unidos sempre às preces de nossa Mãe Santíssima, devemos entregar-nos a ela, templo puríssimo do Espírito de Deus, e a ela recorrer para que se convertam os hereges, cismáticos e pecadores.

Sem em nada desprezar o sacrifício reparatório e o dever de apostolado, o método de São Luis Maria tem a grande vantagem de, centrando-se sobretudo na santificação pessoal do fiel, lançar as bases sólidas sobre as quais devem estar apoiadas as nossas mortificações e renúncias, o nosso empenho e esforço apostólico. Seria, de fato, um grande erro “sacrificar a própria e individual santificação”, tarefa em que tanto nos há de auxiliar a Virgem Maria, “sob o pretexto de entregar-nos por completo ao serviço do próximo” [5]. A santidade pessoal é uma condição indispensável, e também o meio mais eficiente, para que dêem fruto quer as nossas reparações, quer o nosso trabalho evangelizador.

Referências

  1. Cf. São Luís M.ª G. de Montfort, Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem. 39.ª ed., Petrópolis: Vozes, 2009, p. 120, n. 121.
  2. A. Royo Marín, La Virgen María. Madrid: BAC, 1968, p. 398, n. 369.
  3. Cf. Id., p. 176, n. 135.
  4. Cf. Id., p. 120-121, n. 86.
  5. Cf. A. Royo Marín, Jesucristo y la Vida Cristiana. Madrid: BAC, 1961, p. 329, n. 300.
  6. Id., p. 322, n. 295.
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